Descarbonização: o desafio das empresas e da sociedade

Descarbonização: o desafio das empresas e da sociedade

Como podem as empresas do setor do calçado chegar à descarbonização?
Nos dias de hoje, ouvimos falar cada vez mais do tema da descarbonização que se pode associar ao processo de redução das emissões de carbono na atmosfera (com destaque para o CO2), com o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica. A nível europeu e nacional existem metas climáticas importantes de atingir – reduzir as emissões em 55% até 2030 e alcançar a neutralidade carbónica em 2050. O Pacto Ecológico Europeu (European Green Deal) é um dos pilares da política europeia que apresenta um conjunto de estratégias e metas para atingir esse objetivo, apoiando que a transição se faça se uma forma justa para todos.

A nível nacional, o Roteiro para a Neutralidade Carbónica (RNC 2050) é um documento estratégico alinhado com as diretrizes internacionais de combate às alterações climáticas sendo um ponto base de conceção de roteiros para a descarbonização dos setores industriais nacionais. Os trabalhos desenvolvidos no RNC 2050 estão em articulação com o Plano Nacional Energia e Clima (PNEC 2030), que é o principal instrumento de política energética e climática para o período entre 2021 e 2030, estabelece as novas metas e objetivos nacionais de redução de emissões de GEE, de energia renovável e de eficiência energética, medidas em matéria de descarbonização em linha com o objetivo de cumprir com os objetivos de alcançar a neutralidade carbónica até 2050.

Emissões GEE- definição do tipo e âmbito
As emissões de GEE podem ser diretas e indiretas. As emissões diretas (âmbito 1) são aquelas que são controladas pela empresa por exemplo, as emissões da frota da empresa ou os gases emitidos pelos processos industriais. As emissões indiretas (âmbito 2 e 3) são consequência das atividades da empresa e, portanto, não são diretamente verificadas pela empresa, mas que ocorrem em fontes que pertencem ou são controladas por outra empresa, por exemplo, as emissões associadas à produção de eletricidade que uma dada empresa compra a um fornecedor (âmbito 2). 

A emissões de âmbito 3 compreendem 15 atividades: Montante (Upstream)- Bens e serviços adquiridos, Bens de capital (edifícios, equipamentos, outros ativos), Atividades relacionadas com combustível e energia (não incluídas no Âmbito 1 ou Âmbito 2), Transporte e distribuição a montante, Resíduos gerados nas operações, Viagens de negócios, Deslocações dos colaboradores para a empresa e Ativos arrendados upstream; Jusante (Downstream) - Transporte e distribuição a jusante, Processamento de produtos vendidos, Uso de produtos vendidos, Tratamento de fim de vida dos produtos vendidos, Ativos arrendados downstream, Franquias e Investimentos.

Como chegar à descarbonização?

As diferentes tecnologias de descarbonização podem incidir sobre a eficiência energética, a utilização de fontes de energia renovável, a digitalização e o modo de confeção e fabricação de produtos da fileira do calçado (economia circular e simbioses industriais). 

Ao analisar as diretrizes para a descarbonização do setor industrial presentes no RNC 2050, denota-se uma forte aposta na eletrificação de base renovável para as indústrias transformadoras. As empresas da fileira do calçado apresentam uma menor intensidade em termos energéticos comparativamente a outras empresas da indústria transformadora. 

As medidas de eficiência energética visam manter ou melhorar as condições de utilização/funcionamento de uma instalação, permitindo reduzir o consumo de energia e, consequentemente, as emissões de GEE associadas), contribuindo para a descarbonização da fileira do calçado.

A digitalização também assume um papel importante neste caminho, através do desenvolvimento de soluções inteligentes de apoio à medição, monitorização, tratamento de dados para a gestão e melhoria de processos, redução de consumos e de emissões, aumentando a eficiência na utilização de recursos (matérias-primas, água, energia), promovendo a economia circular e, consequentemente, reduzir a pegada de carbono.

O setor do calçado apresenta um elevado potencial de eletrificação de processos industriais e um significativo potencial de aposta na utilização de energias renováveis, por exemplo energia solar fotovoltaica - sistemas de autoconsumo e comunidades de energia renovável e a possibilidade de aquisição de energia verde (com certificação de origem) através de, por exemplo, PPAs com centrais de produção fotovoltaica ou eólica em substituição de energias com fonte em combustíveis fósseis. A fileira do calçado está alinhada com estas metas e objetivos internacionais e nacionais.

Atualmente, o CTCP está a desenvolver o Roteiro para a Descarbonização da fileira do calçado que irá definir metas ambiciosas para descarbonização do setor, com indicadores diferenciados capazes de refletir as especificidades de cada um, nomeadamente produção de componentes (e.g., produção de solas), marroquinaria e produção de calçado. Por outro lado, o CTCP tem vindo a desenvolver o cálculo da pegada corporativa das empresas signatárias do Compromisso Verde, um projeto desenvolvido no âmbito do Plano Estratégico 2030 apresentado pela APICCAPS. Estas iniciativas pretendem promover a redução de emissão de gases com efeito de estufa (GEE) e a incitação de uma economia circular no cluster do calçado.


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